12ª Conferência de Lideranças em Saúde da Mulher debate avanços para políticas voltadas para à mulher

Notícias25 de março de 2025
12ª Conferência de Lideranças em Saúde da Mulher debate avanços para políticas voltadas para à mulher

Mulheres na vanguarda da saúde: no dia 25 de março, o auditório Interlegis do Senado Federal se transformou em palco de um diálogo urgente. Instituições médicas, parlamentares, pesquisadoras e gestores públicos se uniram na 12ª Conferência de Lideranças em Saúde da Mulher para pavimentar o caminho da medicina de precisão e da tecnologia. O evento segue até o dia 27.

Organizado pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), referência nacional no combate ao câncer de mama, o evento reuniu importantes nomes da saúde brasileira: a Dra. Lúcia Santos (presidente da Fenam), especialistas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc), representantes do Ministério da Saúde e a renomada pesquisadora Nise Yamaguchi – imunologista, oncologista e coordenadora do Comitê de Governança em Saúde. Parlamentares e gestoras públicas completaram o grupo, unindo ciência e política em busca de soluções concretas para a saúde feminina. A cerimônia de abertura contou com a presença de peso da Senadora Leila Barros – líder da bancada feminina do Senado Federal,  e da Senadora Zenaide Maia, atual Procuradora da Mulher no SF, ao lado da Dra. Maira Caleffi, mastologista e uma das fundadoras da Femama.

O debate destacou um consenso urgente: levar a medicina de precisão às mulheres brasileiras, especialmente na detecção e no tratamento do câncer de mama e de colo do útero. Em foco, a necessidade de políticas públicas que garantam acesso a tecnologias hoje restritas à rede privada.

“Não podemos aceitar que exames genéticos – capazes de prevenir mortes – sejam privilégio de quem pode pagar”, alertou o mastologista Luiz Ayrton, presidente eleito da Femama. Em seu discurso, ele defendeu a incorporação imediata desses testes no Sistema Único de Saúde (SUS): “É necessário que o SUS possa incorporar exames de genética, principalmente para aquelas mulheres jovens com risco genético positivo. Isso impactaria diretamente no tratamento do câncer, garantindo melhores prognósticos e mais chances de cura”.

Testes genômicos: especialista alerta sobre filas que comprometem tratamentos

A médica e pesquisadora Nise Yamaguchi reforçou a urgência de democratizar o acesso aos testes genômicos de tumor, que podem evitar tratamentos agressivos desnecessários. “Os pacientes não podem ficar muito tempo esperando na fila. Precisamos de cirurgias rápidas e de um rastreio eficaz para reduzir o número de casos graves. Testes genômicos podem mudar completamente a história do tratamento, pois indicam quando a quimioterapia não é necessária e permitem cirurgias preventivas para quem tem risco genético”, explicou a pesquisadora.

A Dra. Nise Yamaguchi lembrou que médicos da rede pública enfrentam restrições para solicitar exames e prescrever medicamentos que não estão na tabela do SUS, além de serem impedidos de informar os pacientes sobre opções terapêuticas disponíveis fora do sistema público.

Outro ponto sensível discutido no evento foi a falta de rastreamento adequado para os cânceres de mama e de colo do útero, tema que causa preocupação e comoção também da Fenam.

“O orçamento destinado a políticas para a saúde da mulher é frequentemente preterido, e o SUS não realiza o rastreio e tratamento dentro do prazo adequado. Essa defasagem leva a desigualdades no desfecho da doença, prejudicando as mulheres atendidas na rede pública”, detalhou a presidente da Federação, Lúcia Santos.

Durante o evento, a discussão se estendeu à decisão do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em trazer de volta o Programa Mais Especialidades. Padilha informou que pretende remunerar melhor o serviço público com melhores resultados. No entanto, a Fenam questiona a iniciativa, já que os valores pagos atualmente pelo Ministério da Saúde são extremamente baixos. 

“Ora, o valor pago a equipe para reconstrução mamária é um pouco mais de R$ 145 no SUS, portanto, o que se faz atualmente é graças a benevolência dos médicos. A Fenam não entende como essa medida poderia trazer benefícios. Precisamos organizar o sistema de saúde público, em todos os níveis, da atenção primária a alta complexidade, com uma gestão disposta a acabar com a precariedade na infraestrutura física, na aparelhagem das unidades de saúde, na abrangência de exames e tratamentos e por fim, a precarização do trabalho médico que, atualmente, é feita, para disponibilizar uma assistência de péssima qualidade. Temos muito o que colocar na mesa. Vai ser necessário muita ação e rapidez”, concluiu Lúcia Santos, a primeira mulher presidente da Fenam em 50 anos de história da entidade.

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