Emergência do HFB fecha devido à falta de médicos
A falta de ação do Ministério da Saúde levou ao fechamento da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), no último fim de semana. Um cartaz foi colocado na porta da unidade para informar o fechamento do serviço. O documento sugeria que os pacientes procurassem os hospitais Getúlio Vargas e Rodolfo Rocco ou as UPAs da Maré e Manguinhos. Há meses sofrendo com o déficit de recursos humanos e de investimento financeiro, a unidade, situada em uma região com grande demanda de atendimento, não resistiu e fechou as portas da emergência por três dias.
Desde o início do mês, o serviço funciona sem médico de plantão aos sábados, domingos e segundas. A melhoria nas condições de serviço e de estrutura é uma luta antiga do CRM, que há anos se une a entidades, como a Defensoria Pública da União, para cobrar a mudança da situação. Desde 2010, a emergência do HFB funciona em contêineres e é conhecida como “emergência de lata”.
As obras da nova emergência foram concluídas recentemente, mas ainda não foi informado como será feita a contratação de profissionais e a compra de mobiliário e de equipamentos para o setor. Também não há, até o momento, previsão de concurso público para repor a saída de médicos temporários e estatutários. Só na emergência, a unidade perdeu 17 médicos plantonistas, cujos contratos venceram este ano.
Em reunião com representantes do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) do Núcleo Estadual do Rio de Janeiro (Nerj) do Ministério da Saúde, representantes do CREMERJ foram informados de que os contratos temporários, realmente, não serão renovados e que não há previsão de concurso público. Em meados de maio, foi entregue ao ministro da Saúde, Ricardo Barros, um dossiê minucioso, contendo vários relatórios de fiscalizações nas unidades federais, que mostra a crítica situação do HFB e dos hospitais Cardoso Fontes e Andaraí, que também estão com problemas para manter suas emergências abertas, principalmente devido à falta de recursos humanos.
Durante fiscalização realizada pelo CREMERJ, em abril, a emergência do HFB estava superlotada, com 53 pacientes internados, bem acima da capacidade máxima estabelecida em acordo com o Ministério Público Federal, que determinou o máximo de até 25 pacientes. No dia da vistoria, havia três clínicos de plantão responsáveis pela enorme quantidade de pacientes internados e ainda pelos novos pacientes admitidos, já que a emergência funciona de porta aberta.
Apesar da situação, o Ministério da Saúde insiste em declarar que a unidade funciona normalmente. “O que vemos hoje no HFB é um total descaso das autoridades com a população. O Hospital de Bonsucesso é referência para diversos atendimentos, como os transplantes, que não serão supridos por outras unidades do município. Isso significa que centenas de pessoas estão correndo risco de vida se a emergência permanecer fechada e sem condições de atendimento. O CREMERJ vai continuar na luta pela saúde pública de qualidade, que é um direito garantido pela Constituição”, declarou o presidente do CRM, Nelson Nahon.
Chefe da emergência
Nesta terça-feira, 20, o diretor da emergência do HFB, Júlio Noronha, esteve no CREMERJ para denunciar a situação da unidade. Em carta entregue ao Conselho, Noronha declarou não ter condições de continuar na direção do serviço devido à falta de estrutura e de condições de atendimento. Em um ato político, pediu “demissão ética” ao CRM. O Conselho abriu sindicância para apurar a situação da unidade.
Fonte:
Cremerj
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