Sinmed-MG denuncia, nesta manhã de segunda-feira, 9 de outubro, à imprensa mineira, mais um caso de violência em unidade de saúde pública de Belo Horizonte. Desta vez, foi o arrombamento do Centro de Saúde São Marcos, regional Nordeste.

Os bandidos arrombaram portas e janelas da unidade e levaram computadores, impressoras, fogão, liquidificador e botijão de gás.

Os funcionários, ao chegarem na unidade, depararam com as portas abertas e, assustados, chamaram a polícia. Os médicos acionaram o Sinmed-MG para pedir orientações e providências quanto ao ocorrido.

Esse é mais um episódio que se tornou uma rotina na PBH e, quase diariamente, registramos casos de violência física, verbal e psicológica que amedrontam os profissionais e colocam em risco o atendimento aos pacientes.

Na última semana, o Sinmed-MG já havia denunciado três episódios de violência. No primeiro, a guarda municipal de Belo Horizonte havia dado ordem de prisão a um servidor do Centro de Saúde da Regional Noroeste após ser questionado por não estar no seu posto de trabalho. Na mesma unidade, um dia depois (29/9), bandidos armados amedrontaram pacientes e servidores e levaram objetos e pertences pessoais das vítimas. Na mesma data, no início da tarde, ocorreu o mesmo em outra unidade de saúde na Regional Oeste de Belo Horizonte.

O Sinmed-MG faz outro questionamento ao prefeito de Belo Horizonte: Diante desta situação, o senhor está esperando o derramamento de sangue dos nossos profissionais da saúde? Não aguentamos mais ver cenas como essa que amedrontam e trazem consequências graves para a saúde pública.

Os nossos colegas médicos trabalham com medo e sob pressão psicológica. Além disso, os outros profissionais também vivem esse drama. A prefeitura insiste em retirar a guarda municipal e/ou porteiros nas unidades de saúde da capital? Até agora vamos assistir isso, vendo violências na saúde e não carinho com a população.

Registro de violência é recorde, mas muitos profissionais temem denunciar

Com a implantação do “Fluxo de abordagem dos episódios de violência nos serviços da SMSA de BH”, o sindicato já registrou nos últimos três meses, mais de 155 notificações; números que podem ser ainda maiores, visto que nem todos os médicos e servidores tornam público as agressões. O documento foi elaborado pela Mesa de Negociações do SUS (MESUS) de Belo Horizonte, com o objetivo de garantir orientações de condutas diante dos episódios de violência e registrar os casos ocorridos.

Muitos médicos e outros profissionais temem denunciar os ocorridos devido a pressão psicológica e ameaças que muitos bandidos, disfarçados de pacientes, fazem rotineiramente.

Mas isto tem que mudar. O primeiro passo conseguimos, após tantas orientações do Sinmed-MG aos colegas. Na última semana, uma médica da UPA Norte sofreu ameaça verbal por parte da mãe de um paciente (atendido pela profissional) que disse que chamaria bandidos para ela, caso não liberasse a criança que estava intoxicada por excesso de medicação.

A médica, imediatamente, acionou a polícia e registrou o ocorrido. Neste caso, houve iniciativa da profissional e o caso foi resolvido, sendo que a pessoa que ameaçou a profissional foi presa e já está cumprindo pena alternativa.

Já que a prefeitura não toma iniciativa nenhuma, além de levar as denúncias para a imprensa, o Sinmed-MG reitera a importância dos médicos denunciarem qualquer fato de violência ou ameaça por parte de usuários. Além de fazer o boletim de ocorrência, relatar o fato no livro de ocorrência, deve-se preencher o fluxo e acionar a polícia. Não se pode ficar calado, precisamos mostrar que as estatísticas estão cada vez mais crescentes para que a Prefeitura possa tomar providências.

E neste cenário triste, o Sinmed-MG não está passivo e continua buscando apoio da mídia e da sociedade, além de cobrar da prefeitura uma postura mais efetiva para acabar com toda esta insegurança que ameaça o atendimento à saúde da população. Ainda há tempo de mudar esta realidade, antes que o caos se instale de forma definitiva nas unidades da capital.

Fonte: Sinmed-MG