20/07/2017
20/07/2017
O presidente do Sindicato dos Médicos do Maranhão (Sindimed-MA), dr. Adolfo Paraíso, manifesta o seu repúdio a atual situação em que a Saúde brasileira passa. Confira a nota do presidente na íntegra:
El Gran Circo de la Salud
Respeitável público! Com imenso orgulho apresento a vocês, aquele que vai resolver o problema da saúde no Brasil: o médico que finge trabalhar.
Hospitais estão superlotados? Deixa assim mesmo que o médico fingidor resolve.
Falta infra-estrutura, água potável e saneamento básico? Bobagem! O médico fingidor vai continuar a tratar as doenças do século XIX ad aeternum!
Não têm medicamentos, gaze, esparadrapo, agulhas, seringas, soros, fios de sutura, tubos orotraqueais, laringoscopio? Não se desespere. O médico fingidor dá um jeito de tirar dinheiro do próprio bolso para minimizar o caos.
Faltam aparelhos de RX, ultrassom, tomógrafos, ressonância magnética, endoscópios, laboratórios de análise clinica e hemocentros? Pra que? O paciente, segundo o atual ministro da saúde, apenas imagina que está doente. Afirma ele que é “cultura do brasileiro” só achar que foi bem atendido quando passa por exames ou recebe prescrição de medicamentos e esse suposto “hábito” estaria levando a gastos desnecessários no Sistema Único de Saúde (SUS).
O prefeito ao contratar o médico promete uma remuneração de salário de juiz e depois dá calote? Não tem problema. O médico fingidor trabalha de graça.
Como os senhores e as senhoras podem ver, se o médico resolve tudo com um simples estetoscópio na mão, então a solução óbvia é … eureka!!! Vamos produzir mais médicos!
E, se temos que produzir mais médicos, o passo seguinte é criar mais vagas para as faculdades de medicina e autorizar a abertura de novas escolas médicas sem obedecer a quaisquer critérios técnicos. Afinal, para que se preocupar em formar bons profissionais se a população apenas imagina que está doente.
Se uma faculdade a cada esquina não for suficiente vamos manter a importação de médicos sem submetê-los ao Revalida.
Assim, tudo se resolverá, como em um passe de mágica, pois o médico importado – este sim, um trabalhador dedicado – mesmo que não fale a língua nativa e tenha uma formação acadêmica totalmente diversa do país em que irá exercer a sua profissão, basta a sua presença milagrosa para curar o paciente.
Não sei o porquê de tanta polêmica!
Adolfo Paraiso. Médico. CRM-MA 1267