27/10/2017
27/10/2017
O acidente vascular cerebral (AVC) é responsável por mais de 100 mil mortes por ano no Brasil. A estatística foi apresentada por médicos e especialistas aos deputados da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em audiência pública nesta quinta-feira (26). A atividade, que atendeu a requerimento do presidente da comissão, deputado Carlos Pimenta (PDT), foi motivada em razão do Dia Mundial do AVC (29).
O diretor Jurídico Associativo, César Miranda dos Santos, participou da audiência refletindo a importância do sindicato participar em discussões como essa que visa buscar alternativas para melhorar a saúde da população.
O neurologista Gustavo Daher confirmou que as estatísticas são mesmo assustadoras. Segundo ele, uma a cada seis pessoas no mundo, independente dos fatores de risco, vai sofrer um AVC em algum momento da vida.
Diante disso, defendeu que o problema seja encarado com a sua devida importância. “São 10 mil mortes por ano em Minas Gerais e outros milhares casos de incapacitação física ou neurológica provocados pela doença. Nosso maior desafio é vencer o descaso da sociedade, que desconhece ou tem medo de conhecer o AVC”, alertou.
O médico destacou, também, que falta capacitação no sistema de saúde e que os hospitais não estão preparados para receber as vítimas da doença. Ele acrescentou que a cada 6 segundos o AVC mata alguém no mundo, o que torna a doença a mais grave e silenciosa de que se tem conhecimento.
“O impacto econômico do AVC é muito alto, uma vez que traz complicações e tratamentos de reabilitação caros. Cerca de 90% dos casos poderiam ser evitados”, salientou Gustavo Daher .
A presidente da Associação Mineira do AVC (Amavc), Sandra Issida Gonçalves, reforçou que a realidade é dura e cruel e assola inclusive crianças e adolescentes. De acordo com ela, a doença acomete qualquer um sem aviso prévio e a falta de informações aumenta a gravidade do problema.
Especialistas pedem mais investimentos públicos
O neurologista da Santa Casa de Belo Horizonte, Albert Louis Bicalho, acredita que o AVC seja o maior problema de saúde pública do País. Isso porque, além dos números conhecidos já serem alarmantes, imagina-se que existam outras vítimas não registradas ou sub-diagnosticadas.
Diante desse cenário, solicitou mais investimentos públicos, uma vez que a própria Santa Casa tem um centro de referência de tratamento de AVC que depende de doações privadas.
“Atendemos cerca de 2 mil pessoas ao ano com a doença. Desse total, 30% morre, apesar de todo o esforço. Não há valorização profissional, por isso proponho que seja elaborada uma lei para implantar unidades vasculares em todas as macrorregionais de saúde do Estado”, afirmou.
Gestão
O neurocirurgião Cleverson Martins Kill ponderou que não basta apenas solicitar mais recursos. Para ele, é preciso pensar em uma gestão que evite desperdícios e garanta a eficácia no atendimento.
Ele relatou que, dos pacientes atendidos em unidades de pronto atendimento (UPAs), cerca de 60% não são recebidos adequadamente, pela falta de capacitação dos profissionais e pela carência de estrutura. Além disso, lembrou que o custo do tratamento da doença, que tem gastos com medicamentos, internações e tempo dos profissionais, é muito alto.
Doença afeta pessoas em todo o mundo
Segundo o deputado Carlos Pimenta, cerca de 6 milhões de pessoas morrem no mundo anualmente vítimas de AVC. No Brasil, a cada 5 minutos morre uma pessoa em decorrência do AVC, o que faz da doença a segunda principal causa de óbitos no País.
“Há tratamento. As primeiras quatro horas são fundamentais e podem salvar as pessoas, por meio do uso de medicamentos. Para se ter uma ideia, é possível reverter em até 80% as sequelas e mortes”, disse Carlos Pimenta.
O parlamentar lamentou, ainda, a ausência de representante do Governo do Estado na reunião e afirmou que a Assembleia fará novas campanhas de conscientização.
Fonte: Sinmed-MG