MG: Hospital João XXIII, referência no estado, está em péssimas condições

26/10/2017

MG: Hospital João XXIII, referência no estado, está em péssimas condições

26/10/2017

O Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), em continuidade ao projeto de denunciar à imprensa as mazelas nos hospitais do estado, mostra esta semana as péssimas condições de trabalho e instalações no Hospital João XXIII, maior referência do estado no atendimento a politraumatizados, intoxicação e queimados.

A constatação é fruto do projeto Sinmed in loco que consiste em visitas às unidades de saúde para conhecer de perto as denúncias relatadas pelos médicos e buscar solução para melhorar a assistência à população.

O hospital que é referência e que foi foco da mídia no atendimento às vítimas de Janaúba e, mais antigamente, no incêndio do Canecão Mineiro, precisa de socorro urgente. As péssimas instalações são percebidas em dependências do hospital, como a sala de emergência, quartos de descanso e banheiros destinados aos médicos.

Chama a atenção a precariedade da manutenção do hospital, com goteiras em várias salas, pias e vasos sanitários quebrados, vazamentos, falta de material de higiene, sujeira, mobiliário em condições impróprias para uso, entre outros.

No aspecto da assistência, uma cruel superlotação, com macas espalhadas por todo canto, inclusive corredores e relato de número insuficiente de monitores.

Aliado a toda situação dramática da saúde, os médicos do HPS João XXIII, juntamente com os demais servidores médicos do estado, estão indignados com a falta de respeito por parte do governo, que está parcelando os salários desde 2016 e não está cumprindo a escala de pagamento. Por isso, anunciam indicativo de paralisação para dia 9 de novembro, caso não haja o pagamento integral de seus salários.

Um grande hospital sucateado

O Sinmed-MG constatou vários outros problemas, fruto da visita realizada na unidade e também de relatos de médicos: “…hoje não temos um banheiro para usar, a porta quebrada, em volta do vaso sanitário tem um cobertor para segurar alguma coisa que escorra por ali, o cheiro é insuportável, não tem chuveiro, não tem água, não tem copo, não tem cama para deitar, travesseiro, uma toalha”.

– sala de emergência: calor insuportável, pois o ar condicionado está estragado e médico já chegou a desmaiar. O problema é comum a quase todo o hospital, com pacientes e funcionários sofrendo com a falta de ventilação;

– Em relação à assistência também foi relatada a insuficiência de monitores – muitos estão quebrados;

– Superlotação – no corredor principal, chegamos a contar mais de 25 macas, em péssimas condições de assistência. “Os corredores viraram uma grande enfermaria”, disse o diretor clínico;

– Problemas constatados na sala de descanso, quartos e banheiros dos médicos – as camas (colchonetes com plástico) não têm lençol nem travesseiros, apenas cobertores. Ambientes escuros com luzes queimadas e vazamentos – sendo que um colchonete estava todo molhado. Não fazem limpeza adequada, ambiente sujo e insalubre;

– Banheiros em péssimas condições, sem sabão e com vazamentos nos vasos sanitários – um deles tem um cobertor para segurar o vazamento- e pias;

– Manutenção precária em todo o hospital.

Consequências dessa precariedade para a população

Segundo os médicos, apesar de todos os esforços da categoria, as precariedades acabam comprometendo a qualidade do atendimento. “Os casos de Janaúba e do Canecão Mineiro tiveram muito repercussão, mas a realidade no dia a dia do hospital não é diferente. Constantemente estamos atendendo vítimas de acidentes de carros, motos, ônibus, quedas de andaime e todo tipo de problema. É difícil uma semana em que não ocorra algum tipo de tragédia”.

A triste realidade do HPS João XXIII traz sérias consequências não apenas aos médicos, mas principalmente para a população. “O que temos visto hoje no hospital é uma superlotação. Os doentes, independente de referência, procuram o João XXIII. Falta para nós estrutura física para atender esses pacientes, ambulatórios, macas, muitos pacientes alojados no corredor, não temos leitos suficientes nas enfermarias nos andares. As equipes estão incompletas, temos poucos anestesistas, ortopedistas, o atendimento não é feito no tempo que deveria”.
 
Além disso, equipamentos, como é o caso dos tomógrafos, sempre estão quebrados, não tem água quente e alguns pacientes estão tomando banho frio. As equipes desfalcadas levam a diminuição de leitos de internação e com isso, vários pacientes de CTI, estão na sala de emergência porque as equipes estão incompletas.

Os médicos também questionam o papel do hospital dentro do sistema estadual. Segundo eles, o hospital tem funcionado como uma verdadeira UPA quando sua missão é atender emergências traumáticas em todas as especialidades. “É muito comum atendermos casos de amidalites, otite, cerume no ouvido, por falta de uma triagem adequada na porta. Aliás, a nossa impressão é que o governo quer transformar o hospital numa grande UPA e se isso acontecer vai descaracterizar totalmente o papel do hospital dentro da sociedade”, alertaram.

Nosso questionamento

Diante deste quadro, nossa preocupação vai muito além: o que será feito para mudar este cenário da saúde? O que o governo se propõe a fazer para salvar o HPS João XXIII?

Como entidade representativa dos médicos e defensora da população, estamos lutando para mudar esta situação e pressionar a gestão para promover ações que possam solucionar este grave quadro em todo o estado. O Sinmed-MG destaca sua indignação diante da falência da saúde pública no estado e toma outras providências para mudar este cenário.



Fonte: Sinmed-MG

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