MG: Médicos da UPA Nordeste realizam hoje manifestação por mais segurança

18/07/2017

MG: Médicos da UPA Nordeste realizam hoje manifestação por mais segurança

18/07/2017

Na última semana a UPA Nordeste, bairro São Paulo, na capital mineira, viveu um verdadeiro clima de terror. Praticamente todos os dias houve um episódio de violência, envolvendo agressões verbais e físicas a médicos. As lembranças do passado trazem outros episódios traumatizantes – tiroteios, roubos e até tentativa de estupro de servidora.
 

Como forma de protestar contra a triste realidade que assola e amedronta a rotina da UPA Nordeste, os médicos da unidade deliberaram, no último dia 12 de julho, por realizar uma manifestação hoje, dia 18 (terça-feira) por um período de 12 horas – das 7h às 19h, às 10 horas haverá um ato público em frente à UPA (Rua Joaquim Gouvêia 456/566 – Bairro São Paulo), com distribuição de panfletos para a população e médicos vestidos de preto. Só serão atendidos os casos de urgência e emergência.
 

A falta de segurança nas unidades de saúde é uma realidade que cresce a cada dia sem que nenhuma providência seja tomada pela Prefeitura. Segundo levantamento realizado pelo Sinmed-MG, em parceria como Sindibel, só este ano foram mais de 50 denúncias de violência, envolvendo postos e unidades de urgência. Números que podem ser ainda maiores, visto que nem todos os médicos e servidores tornam público as agressões.
 

A situação começou a ficar crítica no ano passado, com a retirada dos porteiros dos centros de saúde e do serviço de “Posso Ajudar?”. Completando o quadro de verdadeiro abandono, este ano, já na gestão Kalil, a Prefeitura retirou a guarda municipal que atendia as UPAs, alegando falta de recursos. Com isso, os episódios de violência aumentaram ainda mais.
 

Retirada da guarda foi o grande erro
 

Durante a reunião no Sinmed-MG, dia 12 último, os médicos da UPA Nordeste levantaram os principais motivos para o aumento da violência na unidade de urgência:

– Maior procura pelos serviços do SUS devido ao abandono de planos de saúde, por causa da crise. Com isso maior demanda e sobrecarga de trabalho. São 250 atendimentos por dia, para três clínicos – uma média de 5 a 7 consultas por horas. Maior tempo de espera para os atendimentos, consequentemente.

– Ausência da guarda municipal, cuja presença era um fator inibidor.

– Falta de grade adequada na entrada da UPA (grade é baixa, e não impede entrada dos usuários), deixando os porteiros e trabalhadores vulneráveis.

– A sede da UPA mudou (julho 2015). A nova região é mais carente com histórico de violência. Apesar disso, a UPA continua sendo classificada como risco “C” e não “D” como sua vizinha UPA Norte.

– Equipes incompletas para atender a grande demanda, gerando maior tempo de espera principalmente para os casos menos graves.

– Falta de estrutura (computador) nos consultórios para o preenchimento das AIHS (Guias de Internação). Da mesma forma, os médicos têm que deixar o consultório para avaliar os Raios X Digitais por falta de computador, ficando ainda mais expostos. Pacientes acham que eles “estão passeando pelos corredores”.

– Serviço de pediatria funciona no segundo andar, sem acessibilidade para deficientes, e “rota de fuga” para os profissionais que se sentem acuados se acontecer alguma coisa. Esses também precisam deixar o consultório para buscar resultados de exames e preencher as AIHS.

– Médicos são obrigados, desde a gestão passada, a fornecerem o “atestado de comparecimento para o paciente” gerando vários conflitos com os usuários. Muitos pedem dois, três atestados, inclusive para membros da família ausentes. Médico não sabe se o usuário realmente permaneceu na clínica durante o período.

– Aumento dos casos de baleados na unidade – uma média de cinco por meses (médico relatou que teve que sair escoltado para levar uma criança para o João XXIII)

– Enfermagem também acuada, com pacientes se recusando à classificação “verde” e exigindo a ficha “amarela” para serem atendidos mais rápido.

 

Postos de Saúde também são alvo de violência

 A situação das UPAs também é extensiva aos postos de saúde da capital mineira: infelizmente, a violência tem sido generalizada. Centros de saúde não têm porteiros, não têm guarda municipal e não oferecem qualquer tipo de barreira para orientação e encaminhamento adequado dos pacientes que ali chegam.
 

A cada semana, o Sinmed-MG tem recebido maior número de denúncias de violência em unidades básicas e UPAs. Vejam alguns relatos:

– CS Ribeiro de Abreu – assalto a mão armada. Os marginais esperaram fechar o posto e renderam todo mundo, levando inclusive os carros.

– Centro de Saúde Padre Tiago – um centro de saúde novo, e mesmo assim uma médica ficou sob ameaça do paciente.

– CS Cafezal – tiroteio na porta, marginais entraram dentro do Centro, ameaçaram todos os funcionários da unidade.

– CS MG 20 – abordaram os funcionários e na hora de fechamento da unidade tentaram cercar o carro onde estava a gerente e funcionários, obrigando-as a fugir pela contramão.

– CS Jardim Alvorada – Um médico foi ameaçado e precisou pedir transferência.

– CS São Tomaz- foi invadido por policiais à procura de bandidos que eles acreditavam estarem escondidos no local. Assustados os servidores se refugiaram no banheiro.

– UPA Barreiro – uma enfermeira foi espancada.

– UPA Nordeste – médico espancado.

 

Ações do sindicato: incansável na busca de soluções

 A curva da violência está se acentuando nas unidades e a UPA Nordeste é o reflexo mais evidente do que está acontecendo: “Alegando corte de gastos, a Prefeitura tirou o posso ajudar?, demitiu os porteiros – que de uma certa forma inibiam esse tipo de ação nos centros de saúde – e agora acabou com a presença da guarda municipal nas UPAs, deixando todos muito expostos”, reforçou a diretora do sindicato, Ariete Araújo.
 

 “A nossa luta é por mais segurança, incluindo a volta da guarda municipal 24 horas nas unidades de emergência e dos porteiros nos postos de saúde, equipes completas e condições de trabalho, com estrutura adequada, disponibilidade de medicamentos e equipamentos em ordem ”, resumiu a diretora.

Diante desse verdadeiro caos, o Sinmed-MG tem se movimentado de várias formas. Além de vários ofícios e presença em diversas reuniões para discutir o assunto, o sindicato enviou à Prefeitura uma notificação extrajudicial questionando a retirada da guarda municipal das UPAs. O sindicato também participou, como membro da Mesa SUS, da elaboração do “Fluxo de abordagem dos episódios de violência nos serviços da Secretaria Municipal de Saúde de BH”. O documento, afixado nas unidades de saúde, orienta os médicos sobre como proceder em caso de episódios de agressão seja física, psicológica, verbal, sexual, negligência, institucional etc. Também é fundamental para um levantamento mais fiel dos casos de violência.
 

Participa ainda de uma Comissão de Trabalho formada por representantes dos gestores, do Sinmed-MG e do Sindibel, cuja última reunião aconteceu em 26 de junho.
 

“Temos pedido encarecidamente ao prefeito para que tome uma atitude e assuma para si a responsabilidade de resolver essa situação que todos os profissionais estão vivendo nas unidades de saúde e também a população que utiliza os serviços”, afirmou o diretor do sindicato, André Christiano dos Santos.
 

Apesar das diversas mobilizações e denúncias, o sindicato lamenta que a Prefeitura não tenha ainda apresentado uma solução efetiva para o problema e teme que, sem segurança adequada, o pior possa acontecer com os trabalhadores da saúde e a população.
Fonte: Sinmed-MG

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