MG: Sinmed denuncia sucateamento e situação caótica dos hospitais referências no estado

17/10/2017

MG: Sinmed denuncia sucateamento e situação caótica dos hospitais referências no estado

17/10/2017

Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, após realizar visitas em diversas hospitais vinculados ao Estado de Minas Gerais, denuncia à imprensa mineira a triste realidade da saúde nessas unidades, caracterizada por uma rede sucateada, com falta de estrutura e péssimas condições de trabalho.

A iniciativa faz parte do projeto “Sinmed in loco” que visa conhecer de perto a situação nas unidades de saúde, atendendo às demandas dos médicos e da própria população, para que o sindicato possa tomar providências urgentes.

Constatações tristes e reais em hospitais referências serão pautas semanais do Sinmed-MG

Nas visitas realizadas, assistimos de perto as péssimas condições nas estruturas físicas que se destacam na saúde: Faltam condições mínimas e adequadas para atender os pacientes, salas de descanso médico e ambientes de trabalho insalubres. A categoria médica continua trabalhando e atendendo em condições, muitas vezes, subumanas e sem a mínima adequação.

Além disso, os hospitais do estado possuem infraestruturas antigas, são sucateados, têm equipes médicas desfalcadas sem substituição de profissionais em férias, licenças, aposentadorias e em casos de mortes.

O HPS João XXIII (da rede Fhemig), por exemplo, que é um hospital público referência no atendimento a politraumatismos, intoxicação e queimaduras, foi foco da mídia nas últimas semanas e  traz nos bastidores a constatação triste de falta de estrutura. Na visita realizada pelo Sinmed-MG, a diretoria viu de perto características como a falta de ventilação e monitores somados à precariedade da manutenção do hospital, com goteiras em várias salas, pias e vasos sanitários quebrados, vazamentos, sem material de higiene, muita sujeira, mobiliário em condições impróprias para uso, entre outros.

Outros hospitais como a Maternidade Odete Valadares também amargam uma estrutura precária caracterizada por grande quantidade de equipamentos e materiais diversos espalhados pelos corredores, que muitas vezes parecem verdadeiros depósitos. Ao final de um corredor, os diretores se depararam inclusive com uma sala de enfermagem, alocada ali por falta de espaço e para que pacientes não sejam desalojados.

Sem contar em outras unidades visitadas pelos sindicato e que ao longo do mês serão denunciadas, uma a uma para a imprensa, com fotos e detalhes que vão mostrar uma realidade triste e caótica.

Uma causa comum: o subfinanciamento no estado e a falta de respeito com os servidores

Entendemos que esta situação é fruto de um período no qual a saúde pública sofre cada vez mais, com um sistema subfinanciado e com índices abaixo do esperado. O histórico de investimentos em Minas Gerais mostra cada vez mais um descompasso intenso. Dados do Conselho Estadual de Saúde apontam que, em setembro de 2017, a dívida total do Estado para com os 853 municípios de Minas é de R$ 2.447.218.893,46; verdadeiro rombo nos repasses dos recursos estaduais para a execução de políticas públicas de saúde que se tornou progressivo.

Essas cifras negativas anunciam uma saúde falida e sem investimentos seja pela falta de vontade política, ações efetivas dos gestores ou até mesmo porque não consideram a saúde uma área essencial e prioritária. Mas nesta caminhada, as estatísticas só tendem a piorar e reforçar o efeito cascata: redução de investimentos na União- cortes de verbas nos estados- municípios falidos – população desassistida na saúde.

Além disso, o atraso nos pagamentos de salários dos servidores representa o desrespeito e a falta de compromisso já que os profissionais precisam quitar suas dívidas e manter a assistência à família. O desestímulo ao trabalho é fator consequente nessa situação.

O Sinmed-MG, como entidade representativa dos médicos, denuncia este cenário preocupante marcada pelas mazelas na saúde, falta de estrutura, investimentos e que agrega a isso, um descaso da gestão com o SUS em Minas Gerais.

Nosso questionamento

Diante deste quadro, nossa preocupação vai muito além: o que será feito para mudar este cenário da saúde? Onde são aplicados os recursos destinados à saúde?

Em busca de uma solução para os hospitais administrados pelo governo do estado, a diretoria do sindicato tem reunido com a SEPLAG para discutir esses problemas apontados e outros importantes pontos como reposição de médicos, concurso público e a retomada dos direitos dos servidores.

Além disso, o diretor-presidente do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Fernando Mendonça, reuniu este ano com o promotor de Justiça e coordenador do CAO Saúde – Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde, Gilmar de Assis e apresentou os maiores problemas constatados na saúde, incluindo também a redução do número de leitos e pedindo apoio para mudar esta situação.

O que era um prenúncio agora é realidade em face do descaso do governo e da falta de providências para mudar esta situação tão triste na saúde dos hospitais do estado.

Como entidade representativa dos médicos e defensora da população, queremos mudar esta situação e sensibilizar a gestão para promover ações que possam solucionar este grave quadro em todo o estado. O Sinmed-MG destaca sua indignação diante da falência da saúde pública e vai continuar  tomando outras providências para mudar este cenário.

Fonte: Sinmed-MG

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