09/05/2018
09/05/2018
A diretora do Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (SIMEPAR), Claudia Paola Carrasco Aguilar participou ontem, da reunião do Conselho Municipal da Saúde que entre outros pontos da pauta teve à apresentação do projeto Nova Gestão de Fila para Atendimento nas UPAs de Curitiba, já conhecido como Fila Única. A Secretaria Municipal da Saúde pretende implantar o programa a partir do dia 28 de maio próximo.
O novo sistema de atendimento nas UPAs nem foi apresentado oficialmente aos médicos, segundo o cronograma da Prefeitura será feito no dia 25 de maio, mas já está causando muito descontentamento entre os profissionais que atuam nas Unidades de Pronto Atendimento. Os médicos reclamam também que em nenhum momento foram treinados para o atendimento pediátrico e ouvidos para opinar sobre a fila única.
“O SIMEPAR já recebeu diversas reclamações de médicos das UPAs, especialmente sobre o novo sistema que permite que clínicos gerais atendam casos de pediatrias. A questão é que muitos clínicos não foram preparados ou mesmo treinados para efetuar tais atendimentos. A solução é a contratação de um número maior de pediatras e que a prefeitura oferecer um plano de cargo e salários que possibilite que os médicos continuam atuando no serviço público”, explicou Claudia Aguilar.
Durante a reunião, a representante do SIMEPAR sindicato esclareceu que os médicos pediatras, que foram contratados em concurso específico para essa função, não podem ser obrigados a atender adultos. E vê com preocupação o desvio de função que leva médicos preparados para uma atividade serem desviados para o atendimento de crianças.
Fila única
De acordo com o diretor de Sistema de Urgência e Emergência da Secretaria da Saúde de Curitiba, Pedro Henrique de Almeida o novo sistema de atendimento tem como objetivo otiminizar a fila de atendimento com diminuição global do tempo de espera e melhorar o processo de atenção às crianças e adolescentes em situação de gravidade.
Segundo ele, a prefeitura tem dificuldade de preencher as vagas de pediatras. Pedro Almeida garantiu que os pediatras não serão retirados das UPAs. Durante todo o dia haverá um pediatra, a novidade é que os clínicos passarão a atender crianças e adolescentes também, diminuindo assim o tempo de espera. Ele mostrou também documento do Conselho Regional de Medicina (CRM) que avaliza o atendimento infantil e juvenil por clínico geral.
Preocupações
Para a médica Alessandra Maria Galbiatti Pedruzzi que é pediatra da FEAES, lotada na UPA do Sítio Cercado a nova diretiva da prefeitura municipal tem como objetivo o remanejamento dos pediatras para unidades básicas de saúde, dificultando todo e qualquer tipo de negociação com horários de trabalho e de plantões médicos. Na opinião dela, são medidas que de forma indireta visam que os médicos peçam exoneração, abrindo caminho para terceirização da contratação de profissionais.
A médica Alessandra Pedruzzi que também trabalha em Araucária, cidade da região Metropolitana de Curitiba, relatou também aos conselheiros de saúde, o exemplo adotado naquele município que diminuiu o número de pediatras no atendimento público de saúde, que em apenas um ano teve um crescimento considerável de mortalidade infantil. Os dados são do Serviço de Vigilância Epidemiológica da prefeitura de Araucária.
Também presente na reunião, o médico e ex-presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria e preceptor da Residência Médica em Pediatria do Hospital Evangélico de Curitiba,Gilberto Pascolat se manifestou contrário à diminuição do número de pediatras na rede. Ele afirmou que as crianças têm o direito de ser atendidas pelo pediatra. O médico criticou também a falta de transparência e democracia na discussão de projeto tão importante, onde umas das partes interessadas: os médicos que atuam nas UPAs não foram ouvidos, muito menos consultados para opinar sobre as mudanças que afetaram a vida dos usuários e profissionais.
Fonte: Simepar